quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

A Lavagem do Bonfim E a palavra-oração do novo Reitor

Hoje é dia de grande festa em Salvador e em toda a Bahia. Para a lavagem do Bonfim todos acorrem pois ela simboliza a caminhada do próprio povo baiano na busca da união da fé. Para a maioria, a festa é hoje por causa do cortejo processional que tem como ponto de partida a Conceição da Praia arrastando em torno de um milhão de pessoas. De fato, o dia mesmo será no próximo domingo, com a Missa solene celebrada às 10:00h pelo Cardeal D. Magella. Essa solenidade é preparada por um novenário que tem em cada noite um pregador. A última noite da novena será no sábado às 19:00h e é organizada pela Amanda, entidade formada por um grupo de amigos de Claudelino Miranda, membro da Irmandade do Bonfim, e que tem por objetivo ajudar os pobres com campanhas, como a dos cobertores, no inverno. O pregador dessa noite será o Pe. Sadoc.
Neste ano o cortejo terá uma recepção especial. O novo Reitor da Basílica, Cônego Edson Menezes, que foi Reitor do Seminário Maior da Arquidiocese, de 1998 até 06/12/2008, receberá a multidão, em nome da Igreja, com uma saudação especial.
Ele conta que, como bom baiano, sempre foi a essa Lavagem. No ano passado, participando da festa e vendo aquela multidão imensa chegando até à Colina Sagrada, ficava um vazio,não havia uma presença pastoral. Disse,então, a alguns amigos que o cercavam :”Se eu fosse o Reitor, acolheria essa multidão com uma palavra espiritual”. Parecia uma auto-profecia. Pois eis que na festa do ano seguinte, isto é, este ano, ele lá está como Reitor. E seu desejo vai se realizar. Tendo conversado com Pe. Sadoc, com o Cardeal e com a Irmandade, a idéia do Reitor acolher o povo que acede àquele templo, foi bem aceita e tem sido aplaudida nas Missas quando ela é anunciada.
Com a sensibilidade que tem para com a cultura baiana e, sobretudo, com a religiosidade popular, Pe. Edson falará de uma das janelas da igreja com uma mensagem especial para aquele momento, saudando a todos, católicos, membros de outras entidades religiosas ( essa é uma celebração onde há um profundo encontro sincrético, que traduz a história do Brasil na Bahia), os representantes do povo, governantes, turistas.
Na sua homilia ele mostra que a cidade hoje se acordou mais cedo para saudar o Senhor do Bonfim. E há um fato que é bom que seja registrado : o Reitor queria que a imagem do Senhor do Bonfim, descida do altar-mor, viesse acolher o povo, mas a segurança achou mais prudente que se colocasse a imagem peregrina, que é uma cópia, pois não se sabe a reação devocional do povo num momento desses. De qualquer, Ele virá ao encontro do povo de braços abertos para receber a devoção e louvor dos baianos: “Nos seus braços de Pastor reúne a todos, na Bahia é o Guardião da nossa fé”. Pe. Edson profere uma oração onde há uma evocação da cor do Senhor do Bonfim :”Trazeis convosco o branco da Paz que emana amor e carinho para com todos nós. Com vossos olhos compassivos de paz e amor, olhai as nossas dificuldades, afastai do nosso caminho as misérias, as doenças, as desavenças e todo o mal, venha de onde vier”. Também a questão da paz no Oriente Médio, a Terra Santa, que se tornou a terra da guerra, não foi esquecida:”Estendei vosso manto de Paz entre Israelenses e Palestinos numa busca incessante de convivência pacífica ente os povos”. A oração elaborada para esse dia, reflete uma pesquisa sócio-antropológica e teológica e que, além de mostrar as origens do termo “Bonfim”, contém os elementos que caracterizam esse ritual:” De braços abertos na cruz, a vossa vida chegou ao fim. Foi um bom fim, porque lá onde findou a Vossa vida, surgiu a vida da graça, do amor, e do perdão para todos nós, negros, brancos, ricos e pobres, homens e mulheres. Esta terra , berço brasileiro, se prostra em adoração no dia de festa popular em que vos rendemos homenagem, Senhor. Aceitai e recebei nossos louvores, nossas flores, nossa alegria, nossa água perfumada. Abençoai todos os trabalhadores desta terra, sobretudo os que se encontram desempregados”.
A grande oração proferida pelo Pe. Edson é entrecortada por belos cânticos conhecidos pelo povo: Hino do Senhor do Bonfim, Então minha alma canta a Ti senhor, e a jaculatória “Alma de Cristo”. Os problemas relacionados com a intolerância religiosa, e os graves pecados sociais que agridem o nosso povo, relacionados com as diferentes formas de corrupção, têm o seu momento nessa prece:”Ensinai-nos a convivência pacífica e o fim da intolerância religiosa. Protegei-nos dos violentos e da corrupção, que se alastra em muitos setores da nossa sociedade. Ajudai-nos a fortalecer a cultura da vida, diante de tantos sinais de morte que assaltam nossas famílias, nossos bairros, sobretudo nos meios menos favorecidos. Protegei a juventude do perigo das drogas e da criminalidade. Ajudai-nos a ser discípulos e missionários a exemplo da Virgem Maria, Nossa Senhora da Guia”.
A celebração será encerrada com a bênção final, onde será proclamada a despedida :”O Senhor do Bonfim recebe as águas dessa lavagem,como recebeu generoso as lágrimas e o perfume de Maria Madalena. O Senhor do Bonfim vos asperge com a água de cheiro, recordando a suavidade de sua misericórdia, para lavar vosso corpo e vossa alma”. Após esse momento terá início a tradicional lavagem pelas baianas e pelo povo.
Nesse mesmo dia, por feliz coincidência, está sendo celebrado o Senhor Santo Amaro da Purificação. A festa está sendo organizada pelo jovem Pároco da Matriz do Rosário, Pe. Marcos Rogério, e a Missa Solene às 10:00 h terá como pregador o Pe. Sadoc .

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