quinta-feira, 12 de junho de 2008

ISTO É SANTO AMARO E O 14 DE JUNHO

A primeira parte do título em epígrafe – Isto é Santo Amaro - refere-se a um dos livros da famosa professora Zilda Paim que há décadas conserva um farto material sobre essa histórica cidade. Desde fotos do final do século passado, bandeiras dos antigos Ternos carnavalescos, a jornais do início do século XX, alguns bastante danificados, livros, e o santinho da 1ª comunhão de sua mãe, realizada no Colégio das Sacramentinas e que fora escrito em francês. Ela escreveu outros livros, também pintou algumas imagens da antiga Santo Amaro, bem em estilo naif – são cenas que ela conheceu bem de perto, como, por exemplo, o bonde puxado por burros.
Santo Amaro, alem de ser famosa por causa da bela igreja-catedral, a da Senhora da Purificação, deixou uma marca histórica relacionada com as lutas travadas em favos da Independência.
O 14 de junho é a data magna da cidade, pois é considerado o primeiro vagido em terras baianas na luta pela emancipação política. Em face da carta dirigida pelos deputados baianos, às municipalidades da Província da Bahia, foi exatamente a Vila de Santo Amaro escolhida para que, por sua Câmara, fossem delineados os planos para a revolução nacionalista.
O clero, a nobreza,os militares, os homens dignos da Vila, enfim , o povo responderam, através do 14 de Junho, à consulta dos deputados às cortes de Lisboa, sobre o melhor caminho para organizar o Brasil..
Theodoro Sampaio, em conferência proferida em Santo Amaro a 14 de junho de 1922 disse:”Pensar,portanto, em independência nacional entre baianos, nessa época era o mesmo que consultar o voto decisivo do elemento agrário do Recôncavo, pois que nele é que estava a força, a cultura, a riqueza”.
A Carta de Santo Amaro dá definições a propósito da Independência : um poder executivo brasileiro com o seu soberano, um tribunal superior brasileiro, um Exército brasileiro,uma Armada brasileira, uma Constituição. Todos esses elementos convergiriam para um futuro da pátria com uma universidade e mais tolerância religiosa.
Para os santamarenses esse documento é motivo de orgulho pois representa uma precedência de altíssima honra nos fatos da Independência. Esse foi um elemento de peso para que no Recôncavo as vilas se pronunciassem pela aclamação de D. Pedro. Dessa forma, em 29 de junho daquele ano, D. Pedro foi aclamado em Santo Amaro, numa histórica sessão do Senado da Câmara.
Na apresentação desse livro é mostrado que a luta da professora Zilda Paim , como foi a de José Silveira, não tem sido fácil, pois eles não se conformam em ver adormecer uma terra e uma gente de tanta história e vigor. A 1ª edição desse livro, já em 1969, prefaciado por Plínio de Almeida, diz que esse é um livro “onde há muito amor, muita pesquisa, e acima de tudo, uma larga e compacta dose de civismo (...) Ele nos diz quanto essa cidade foi no cenário nacional e na região gorda do Recôncavo, onde o massapé permite que os canaviais brotem, para enfeitar uma paisagem de maviosas colinas cortadas por alguns rios de águas lentas, rios que outrora faziam girar rodas de engenho, em cujas casas grandes as aias usavam comumente vestidos de seda e gorgorão cobertos de brincos de ouro legítimo, num verdadeiro fausto demonstrativo de uma época de fartura daqueles que Santo Amaro soube ter e aproveitar”.
O calendário cívico-religioso de Santo Amaro gira em torno de duas datas : o 14 de Junho, pelos motivos expostos e o 2 de Fevereiro, dia da Purificação.O templo que abriga essa devoção foi inaugurado com uma suntuosa celebração no dia 18 de outubro de 1700. O Arcebispo da época, D. João Franco de Oliveira, coroava, juntamente com os fiéis de então, exatos 90 anos de trabalho consumidos na construção daquele templo.
Que a Senhora da Purificação proteja essa cidade, cheia de história e heroísmo, velando pelos seus filhos, sobretudo os mais pobres.
Concluo com algumas estrofes do Hino de autoria de Carlos Sepúlveda:
“Oh! Virgem Mãe, puríssima,
Dai-nos paz e proteção ,
Para que possamos
Chegar ao vosso coração.
Sois nossa esperança,
Refúgio e consolação,
No perigo e na bonança,
Doce Mãe da Purificação”.

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