segunda-feira, 27 de outubro de 2008

UM ATO CONTRA A VIOLÊNCIA

Na 6ª f.,dia 31 de agosto, em S. Sebastião do Passé, houve uma grande ATO a FAVOR da PAZ e CONTRA A VIOLÊNCIA que tem atingido aquele município. Foi no Bairro Quarta Etapa. A iniciativa foi do grupo que está em torno do Presidente da Câmara de Vereadores, que é candidato a prefeito, Janser Mesquita e que tem na chapa o Pe. Mateus Lima como vice. Na semana anterior,o grupo estava em visita a um bairro popular na periferia da cidade fazendo a visita normal nessa fase política, acompanhado de correligionários e com significativa parcela da população. De repente, um carro dirigido por um candidato a vereador de partido contrário, que estava tendo um comício perto daquela área, começa a circular em torno do grupo. Num dado momento ele projeta o automóvel dentro da multidão, exatamente onde estava o presidente da Câmara. Este foi atingido na perna e projetado na calçada. Bate com a cabeça no meio fio e tem traumatismo craniano. Logo é socorrido pelo irmão médico que estava presente, e vem todo o ritual que acontece nesses momentos: ambulância,outras pessoas que passam mal( inclusive a mãe do candidato que estava presente) dirigir-se para o Aliança,etc. Na verdade, se o socorro não tivesse ido imediato, ele teria morrido, pois houve necessidade de oxigênio durante a viagem e outras medidas.
Pode-se imaginar o desconforto público que esse ato provocou na multidão naquele momento. O agressor se evade rapidamente, seguido da multidão que queria linchá-lo, mas deixa o carro numa rua sem saída e foge. As providências no campo jurídico estão sendo tomadas, pelos trâmites legais. Mas fica uma pergunta: qual o interesse em alijar esse candidato do processo democrático de disputa a um cargo público, ele que já é um homem público ( já está no quarto mandato como vereador), é filho do ex-prefeito, já falecido, Jacildo Mesquita, tem um trabalho reconhecido pelo povo e conta com grande aprovação do seu eleitorado?
Nesse ATO pela PAZ, houve uma presença significativa que foi o comunicador Varela, amigo do grupo. Pode-se imaginar o delírio do público ao vê-lo pessoalmente. Várias pessoas cercaram-no para pedir autógrafos. E ele começou sua fala dando um grande cartão vermelho àquele gesto de violência, de desrespeito à pessoa, àquela agressão. Apontando para Janser, presidente da Câmara, na sua primeira aparição pública depois do atentado que sofreu, com a perna engessada e com um colete de apoio no pescoço, falou de sua saúde , dos transplantes a que foi submetido e como nunca perdeu a fé em Deus:”Fui desenganado pelos médicos, mas nunca fui desenganado por Deus”. Com relação à violência, lembrou que violência gera violência e que o povo saberá responder àquele gesto na paz e no espírito democrático:”Se o cão morder a sua perna, não morda a perna do cão”. E ao mesmo tempo exaltou as virtudes do candidato, que é considerado por todos um homem de paz: “Só se atira pedra nas árvores que dão fruto”.
Na verdade, vivemos nesses dias, tempos onde o medo se espalha rapidamente. A nossa sociedade brinca com a vida e com morte – há uma brutalidade que nos choca. A última Campanha da Fraternidade lançou aquele apelo tão forte a favor da vida e contra todas as formas de violência e de desrespeito à pessoa. Mas há um instinto à vida, lá no íntimo todos querem combater a violência, que é diferente do instinto do mal que sempre prevaleceu na história da humanidade – hoje há requintes ideológicos que permeiam essa violência. Ser contar a violência é um desejo “natural”. E isso tem um porquê. É que a violência contradiz a lei básica de Deus que quer que “todos tenham vida e vida em abundância”. Toda vida vem dEle, é uma emanação da vida que é Ele próprio. E outro aspecto desse “instinto” contra tudo que cheira a violência, é porque ela contradiz a dignidade humana. Cada pessoa é única, é sagrada, é sempre “imagem e semelhança” do Criador.
E, sobretudo, na razão da violência que houve em S. Sebastião do Passé, no âmbito político, idéias se combatem com idéias e não com agressão física, pois do contrário, estaríamos voltando para aquela prática política retrógrada e primitiva do tentar calar a boca do adversário a qualquer preço, sobretudo, usando o apelo da força.
Conhecemos o pensamento proverbial dos romanos :”Se queres a paz, prepara a guerra”. E conhecemos as conseqüências desse axioma. Hoje temos que dizer o contrário:”Se queres a paz, prepara a paz”. Os grandes líderes da humanidade, seguindo as pegadas de Cristo, deram a vida lutando pela paz. Cito dois que são emblemáticos: o Pastor Luther King, que continua o seu sonho no sonho dos que plantam a paz e Gandhi, que pacificamente e na sua morte, deu a libertação a seu povo.
Hoje há uma violência que tem caráter filosófico e tem origem na banalização da vida – tudo é descartável. Isso é fruto do materialismo e consumismo no qual estamos imersos. Num outro aspecto, ela vem como conseqüência do problema social em que estamos imersos: a exclusão social, o desemprego , que faz dos jovens presas fáceis .
Mas a violência que houve em S. Sebastião do Passé foge a esses parâmetros, ela é ideológica, covarde, quer ser a lei do mais forte. Na verdade, a violência é a força dos fracos.

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